Ações Coletivas Juvenis, Formação Política e Processos Educativos

Essência e característica do problema:

A presente proposta integra os estudos realizados no Núcleo de Estudos da Juventude Contemporânea  da UFSC e têm como foco a presença política e cultural da juventude brasileira considerando o caráter polifônico da linguagem dos jovens como expressão social contemporânea .  Apesar de correr em terreno ainda muito incipiente, a atuação política da nova  geração de jovens é, paradoxalmente, uma forma tímida, porém desiludida de fazer frente à realidade globalizada. Representam a parcela de uma juventude que elege o espaço público para a recusa da violência, da injustiça social, da carência econômica, da discriminação racial e social, como  significantes   de uma cultura política. Vivendo uma condição social de vulnerabilidade tanto demográfica quanto economicamente e o comportamento político juvenil está intrinsecamente relacionado com esta vulnerabilidade a que nos referimos. É nesse sentido que pretendemos investigar a presença política da juventude brasileira contemporânea o que implica na compreensão do sentido abrangente do seu ideário social bem como o da situação no apoio e existência de políticas públicas que criem as bases materiais da sua cidadania.

As ações coletivas juvenis das ultimas décadas permitem pensarmos a  sua  fragmentariedade e a sua  descontinuidade como referentes de um tempo onde espaço democrático se relaciona diretamente com a dinâmica entre ação dos grupos, cultura política e formação da consciência social das novas gerações. Os grupos buscam reconhecimento e a inclusão social que está sendo negada. conforme observado em  ABRAMO (1994); ANDRADE (1996); MISCHE (1997); DIÓGENES (1998) ; FORACCHI (1965) ; LEVI, G. &  SCHMIDT, J.C.( l996); MARTINS (1979); PAIS,  (1996); SOUSA (1999 e 2001); SPOSITO (1997)  e outros. Portanto, é preciso entender o que uma grande parcela da juventude quer quando se junta, o que propõem, como se organizam, que fatores levam-nos a apostar no coletivo como refúgio, qual o alcance social de suas manifestações, como re-significam velhos conteúdos e quais os novos que propõem, qual o significado político da relação de celebração e crítica de suas manifestações, quem são  estes jovens e a que vieram, que espaço ocupa a ideologia em suas vidas, qual o ideário que mobiliza-os, quais são os ícones que os orientam, como o espaço público tornou-se o refúgio num  contexto de individualismo e exclusão, qual o significado da reação dessa nova geração?

Objetivos e Metas:  Compreender o ideário político e cultural de jovens envolvidos em organizações e ações coletivas contemporâneas, identificando as congruências existentes entre este ideário e as políticas públicas para os segmentos juvenis em Santa Catarina. Objetivos específicos: (1) Identificar, registrar e  analisar  as formas organizativas da juventude rural e urbana que expressem a re-significação das práticas políticas e culturais e os novos componentes formativos dessa geração; (2) Constituir uma base de dados, documental e de imagens, a ser disponibilizado em rede eletrônica e acervo material como fontes de consulta sobre juventude, cultura política e políticas públicas; (3) Mapear a condição do jovem no estado de Santa Catarina a partir dos seguintes indicadores: trabalho, emprego, educação, saúde e violência; (4) Criar um Site na internet do projeto com vistas a interação com outros estudos que fazem interface com seus objetivos.

Metodologia: (1) Realização de entrevistas qualitativas gravadas nos locais de origem dos grupos,  ligados a organizações políticas tradicionais, autônomas bem como as de caráter cultural. (2) Análise de material documental disponível de diferentes natureza (jornais, fanzines, publicações internas,  textos, correspondências via Internet, letras musicais, vídeos, etc). (3) Registro visual das manifestações político-culturais juvenis. (4) Coleta de dados sobre a vinculação política juvenil a partir das informações oficiais, entidades associativas, ONGs, conselhos, secretarias e assessorias de juventude. Sistematizar dados  sobre a vinculação organizativa juvenil no estado de SC. (5)  Levantamento das políticas sociais para jovens na faixa dos 15 aos 24 anos e preocupação de consolidação da esfera pública  para o segmento juvenil junto aos órgãos públicos. (6) Levantamento, sistematização e análise sobre a situação sócio-econômica, escolaridade, saúde, violência, trabalho e emprego da juventude brasileira, em especial a catarinense, na faixa etária dos 15 aos 24 anos a partir dos dados disponíveis, pesquisas institucionais, dados de institutos oficiais de pesquisas.[1]  Resultados esperados: formação de pesquisadores , publicação, subsidiar pesquisas através da divulgação dos resultados em base de dados real e virtual sobre e para os jovens do estado, bem como para estudiosos da temática sobre juventude (criação de home page e biblioteca digital de alta velocidade já implementada).

CNPq –  Edital Universal

[1]  Considera-se que a condição juvenil não se esgota nessa faixa etária. Porém, esta é tomada como referência para efeito de estratégias metodológicas de abordagem dos sujeitos em questão.